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Inteligência Artificial e Jornalismo

por 11 de setembro de 2023Sem comentarios

Inteligência artificial e Jornalismo

O dia 6 de setembro marcou o início da 15ª edição do Festival Internacional de Jornalistas Mediterrânicos, que se realizou em Otranto. Um dos temas principais do festival foi a inteligência artificial (IA) e seu impacto no jornalismo. À medida que a automação avança nas redações, existe uma preocupação crescente de que a IA possa substituir, pelo menos parcialmente, o trabalho humano, comprometendo a integridade da informação. Então, que futuro aguarda o jornalismo na era da IA?

Inteligência Artificial e a Crise da Verdade

Cosimo Accoto, filósofo tecnológico afiliado ao MIT, abriu um debate sobre o papel da verdade neste novo panorama. Se antes uma fotografia era considerada um símbolo da realidade, hoje a IA pode gerar imagens tão realistas que nos enganam. O desafio diz respeito não apenas às imagens, mas também aos textos, outrora uma prerrogativa humana exclusiva. Isto implica que a IA pode alterar não só a nossa percepção da realidade, mas também o nosso conceito de verdade.

Lei, Responsabilidade e IA

Giulio de Simone, professor de direito penal, abordou o delicado tema da responsabilidade legal das notícias falsas numa era de IA avançada. É complicado atribuir culpas quando uma máquina toma decisões independentes. A única forma de resolver este problema poderá ser criar “máquinas que controlem máquinas”, garantindo assim algum tipo de controlo de qualidade automatizado.

O Humano e a Máquina: Uma Coexistência Possível?

Stefano Cristante, sociólogo da comunicação, sublinhou que o mundo do jornalismo deve inevitavelmente adaptar-se à IA. Já hoje, ignorar a presença generalizada da IA é imprudente; amanhã pode ser perigoso. O objectivo deveria ser controlar a “criatividade generativa” das máquinas, para que o elemento humano não seja excluído.

Jornalismo, Justiça e Inteligência Artificial

Na entrevista final, o vice-ministro da Justiça, Francesco Paolo Sisto, discutiu a difícil relação entre justiça, verdade e o papel do jornalista na era da IA. Estas questões são particularmente relevantes à luz das recentes reformas jurídicas e dos crescentes desafios colocados pela IA ao sistema jurídico e mediático.

Conclusão: um novo revisor para a era digital

Se na história da comunicação escrita o revisor desempenhou um papel crucial na garantia da qualidade da informação, hoje deparamo-nos com a necessidade de um “revisor 2.0”, capaz de navegar nas águas complexas da IA. Tal como na transição da civilização oral para a escrita, também hoje somos chamados à inovação cultural que nos permite enfrentar novos desafios sem ficarmos sobrecarregados.

A discussão sobre IA e o seu impacto no jornalismo é mais relevante do que nunca. Cada um de nós, desde jornalistas a legisladores, tem a responsabilidade de compreender e moldar esta mudança, garantindo que a inteligência artificial seja uma aliada e não uma adversária no nosso compromisso contínuo com informações precisas e imparciais.

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